Autor: Agatha Christie
Ano: 2015
Páginas: 352
Editora: Globo de Bolso
Sinopse: Dez pessoas são convidadas pelo misterioso Mr. Owen para uma visita à ilha do Soldado, uma antiga propriedade de um milionário norte-americano. Nenhum dos presentes se conhece, nem tem certeza de por que estão ali, mas logo na primeira noite são confrontadas por uma voz misteriosa com fatos marcantes do passado. Com essa atmosfera, a autora abre inúmeras possibilidades. Todos são suspeitos, todos são vítimas e todos são culpados. É neste clima de tensão e desconforto que as mortes inexplicáveis começam. Isolados do continente por uma tempestade, os convidados que esperavam uma estadia agradável se veem num pesadelo. Agatha Cristhie expõe as facetas psicológicas dos personagens com maestria. A angústia, o medo e o confinamento provocam o descontrole. Os supostos crimes cometidos vêm à tona, e ao longo do livro vão elucidando os motivos que unem personagens tão díspares. Culpados ou inocentes? Algozes ou vítimas? Nesse jogo de gato e rato identificar o assassino não é tarefa fácil e o leitor vai aventando possibilidades e mergulhando nesta trama onde culpa, arrependimento e loucura vão se confundindo. Lançado em 1939, E não sobrou nenhum quebrou as regras vigentes até então para o gênero policial e investigativo, porque em sua narrativa nenhum detetive soluciona o mistério. Aclamado pelo público, trata-se de uma aula de como elaborar um romance de mistério: apegado ao real, sem excessos, com personagens consistentes e fluidez. É sem dúvida uma leitura imperdível para os fãs do gênero.
O que achei:
Dez soldadinhos saem para jantar, a fome os move;
Um deles se engasgou, e então sobraram nove.
Nove soldadinhos acordados até tarde, mas nenhum está afoito;
Um deles dormiu demais, e então sobraram oito.
Oito soldadinhos vão a Devon passear e comprar chiclete;
Um não quis mais voltar, e então sobraram sete.
Sete soldadinhos vão rachar lenha, mas eis
que um deles cortou-se ao meio, e então sobraram seis.
Seis soldadinhos com a colmeia, brincando com o afinco;
A abelha pica um, e então sobraram cinco.
Cinco soldadinhos vão ao tribunal, ver julgar o fato;
Um ficou em apuros, e então sobraram quatro.
Quatro soldadinhos vão ao mar; um não teve vez,
Foi engolido pelo arenque defumado, e então sobraram três.
Três soldadinhos passeando no zoo, vendo leões e bois,
O Urso abraçou um, e então sobraram dois.
Dois soldadinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então sobrou só um.
Um soldadinho fica sozinho, só resta um;
Ele se enforcou,
E não sobrou nenhum.
A minha primeira leitura da #MLI2016 foi um dos maiores sucessos (se não o mais) de Agatha Christie: E não sobrou nenhum, ou, como foi publicado anteriormente "O caso dos dez negrinhos".
Este é o livro mais vendido de Agatha Christie, e também um dos maiores best-sellers de todos os tempos, com cerca de 100 milhões de cópias vendidas.
No livro somos apresentados a 10 pessoas que são convidadas para passar uns dias em uma mansão. Mesmo essas pessoas não conhecendo o anfitrião, por curiosidade (uns dizem que é alguém famoso, outros alguém escandalosamente rico, outros que é uma pessoa excentrica) aceitam o convite. Ao chegarem na casa não encontram ninguém a não ser um casal de empregados (um mordomo e uma governanta) que também não conhecem os patrões e fora contratados por carta. Logo os convidados ficam sabendo que a sua estadia ali não foi um ato cortez e sim que foram convidados a dedo por um homem que acredita que eles devem pagar por erros do passado.
Algo que eu senti quando o enredo foi sendo apresentado (eu não li a sinopse antes de ler) foi como "Jogos Mortais" tem uma premissa parecida com a do livro. Já que todos os convidados que estão na mansão não foram escolhidos aleatóriamente e sim porque são culpados de algo (seja diretamente ou indiretamente).
Eu achei isso muito bom, já que, assim como o filme, isso mexe com o psicológico do leitor. É como nos jogos da nossa infancia em que a qualquer momento você pode ser morto com um "piscar de olhos" por um amigo ou a pessoa que está do seu lado e você não sabe que pode ser o assassino. Gostei muito. Desta vez eu não consegui solucionar o mistério (cheguei a "separar" duas pessoas, mas não eram mimimi), mas isso não me abalou, afinal Poirot não estava ali para dizer o quão OBVIO era o culpado e SÓ EU não vi hahaha.
Na verdade, em "E não sobrou nenhum" não temos os detetives comuns nas obras da autora. Desta vez, os detetives somos nós. E Agatha brinca muito com isso, nos enganando e fazendo com que acreditemos estar indo no caminho certo até que PÁ o principal suspeito morre GRRR. Ai, como não amar um autor que faz isso com você? Acredito que um dos maiores sonhos dos leitores é ter o poder de entrar e participar de um livro. Em "E não sobrou nenhum" isso é possível. E é mágico.
Recomendadissímo.
Sobre o autor:
Dame Agatha Mary Clarissa Mallowan (Torquay, 15 de Setembro de 1890 — Wallingford, 12 de Janeiro de 1976), mundialmente conhecida como Agatha Christie, foi uma romancista policial britânica, autora de mais de oitenta livros. Seus livros são dos mais traduzidos de todo o planeta, superados apenas pela Bíblia e pelas obras de Shakespeare, com mais de 4 bilhões de cópias vendidas em diversas línguas. Conhecida como Duquesa da Morte, Rainha do Crime, dentre outros títulos, criou os famosos personagens Hercule Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford e Parker Pyne, entre outros.
Nas telinhas:
O livro originou uma lista enorme de adaptações, que vão desde filmes de produção estadunidense, britânica, alemã, bollywod, italiana, russa até séries americanas e britânicas e até mesmo inspirou um jogo japonês chamado "Umineko no Naku Koro ni".
Nota no Skoob: (4,5)
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