Autor: Michel Bussi
Ano: 2015
Páginas: 400
Editora: Arqueiro
Sinopse: Na noite de 23 de dezembro de 1980, um avião cai na fronteira entre a França e a Suíça, deixando apenas uma sobrevivente: uma bebê de 3 meses. Porém, havia duas meninas no voo, e cria-se o embate entre duas famílias, uma rica e uma pobre, pelo reconhecimento da paternidade. Numa época em que não existiam exames de DNA, o julgamento estende-se por muito tempo, mobilizando todo o país. Seria a menina Lyse-Rose ou Émilie? Mesmo após o veredicto do tribunal, ainda pairam muitas dúvidas sobre o caso, e uma das famílias resolve contratar Crédule Grand-Duc, um detetive particular, para descobrir a verdade. Dezoito anos depois, destroçado pelo fracasso e no limite entre a loucura e a lucidez, Grand-Duc envia o diário das investigações para a sobrevivente Lylie e decide tirar a própria vida. No momento em que vai puxar o gatilho, o detetive descobre um segredo que muda tudo. Porém, antes que possa revelar a solução do caso, ele é assassinado. Após ler o diário, Lylie fica transtornada e desaparece, deixando o caderno com seu irmão, que precisará usar toda a sua inteligência para resolver um mistério cheio de camadas e reviravoltas.
- Livro de parceria com a Editora Arqueiro. Obrigada ♥ -
O que achei:
(Esta resenha foi feita pela minha amiga Carol. Companheira de muitas leituras incríveis e de opiniões geniais o que me fizeram convidá-la para esta coluna. Obrigada Carol ♥)
O Voo da Libélula é um livro francês
escrito por Michel Bussi que já de início nos apresenta os acontecimentos da
noite do dia 23 de dezembro de 1980: um acidente de avião que mata toda a
tripulação e todos os passageiros do voo – todos exceto uma bebê de 3 meses. O
problema é que duas bebês de 3 meses haviam embarcado no avião e, em uma época
em que testes de DNA não eram viáveis, como saber qual das duas era a
sobrevivente? Seria ela Lyse-Rose de Carville, a herdeira de uma família muito
rica e conceituada, ou seria Émilie Vitral, vinda de uma família humilde e
trabalhadora? Depois de um longo processo
e algumas reviravoltas, mesmo tendo sido estabelecido o veredicto, ainda
restaram muitas dúvidas sobre o caso e um detetive particular, Crédule
Grand-Duc, é contratado por uma das famílias para continuar as investigações,
sendo que ele teria até o aniversário de 18 anos da sobrevivente para descobrir
a verdade.
Sim, parece
que eu acabei de contar vários spoilers do livro, mas na verdade nós começamos
a acompanhar a história 18 anos depois, quando o detetive atinge o fim de seu
prazo. Grand-Duc, já quase perdendo sua sanidade pelos anos gastos em uma
investigação sem fim, planeja entregar um caderno com todas suas descobertas
para Lylie (a sobrevivente) e, em seguida, tirar sua própria vida. Porém,
várias reviravoltas acontecem e é possível que uma nova revelação traga novos
rumos ao caso.
A história se
passa em praticamente um dia e é dividida em capítulos bem curtos, os quais
levam como título o dia e a hora exata do que está acontecendo. Cada um deles
acompanha um personagem, que são vários, mas nós vivemos a história,
principalmente, através de Marc, o irmão mais velho de Émilie. Os capítulos são
contados em terceira pessoa, sendo que a única exceção é quando estamos lendo o
caderno de investigações de Grand-Duc junto a Marc, o qual é contado em
primeira pessoa e é através dele que ficamos sabendo todos os acontecimentos do
passado relacionado ao acidente e as investigações. As passagens desse diário
são todas colocadas na íntegra e fica muito interessante esse deslocamento de
foco narrativo, pois em um momento estamos lendo um narrador observador, que é
confiável e de repente já estamos lidando com um narrador personagem que não é
nada confiável. O autor até usou um pouco esse recurso a favor do enredo, mas
achei que poderia ser mais bem trabalhado. Eu poderia escrever um texto inteiro
sobre a questão do narrador nesse livro, porque sempre achei esse aspecto bem
interessante, mas essa resenha iria ficar interminável.
O livro é um
mistério delicioso que te envolve aos poucos, a cada página e a cada capítulo,
sempre adicionando mais uma dúvida na mente do leitor. A todo o momento
acontece algo que você tem certeza que tem relação com o resto da história, mas
você não tem todas as peças necessárias para fazer a conexão, e ao mesmo tempo,
algo que você já considerava como certo acaba sendo completamente desmascarado.
Além disso, se você é do tipo de leitor que gosta de ter todas as respostas,
com uma conclusão certa, sem um desfecho muito aberto, que deixa o final mais por
conta de quem está lendo, há grandes chances de você gostar desse livro. E
apesar de eu considerar esse um aspecto interessante da história, senti um
pouco que o autor precisou usar alguns recursos que deixou a história um pouco
duvidosa, muitas coincidências começaram a acontecer, principalmente no final
do livro, porém nada que atrapalhou o aproveitamento da leitura.
Em relação aos
personagens, como eu disse, eles são muitos e bastante variados. Seguimos os
avós tanto da Émilie quanto da Lyse-Rose, assim como os irmãos de cada uma –
Marc e Malvina, além de outros. Infelizmente, o autor escolheu usar o Marc para
a maior parte da história, que é um dos personagens menos interessantes do
livro inteiro. Isso fica ainda mais óbvio quando o comparamos com a Malvina – a
irmã mais velha de Lyse-Rose que, desde criança foi colocada sob uma pressão
psicológica terrível pelo avô para convencer todos que a bebê sobrevivente
realmente era sua irmã e, depois de anos, ainda continuou com esse terrível
trauma e se transformou em uma mulher que se recusava a crescer e mantinha uma
obsessão doentia pela irmã. Além disso,
não posso deixar de mencionar a Lylie – a personagem que parece ser o foco da
história e é, na verdade, muito subdesenvolvida. O autor perdeu a chance de
explorar uma incrível crise de identidade de uma garota que aos 18 anos, não
tem ideia quais são suas verdadeiras origens e de repente tem seu mundo virado
de cabeça para baixo novamente. Isso foi uma das coisas que eu mais senti falta
no livro, sendo que minha principal crítica à história é a dificuldade de me
relacionar com os personagens.
Por fim,
apesar de alguns aspectos a serem considerados, eu recomendo esse O Voo da Libélula, com certeza, pelo seu
enredo intrigante e surpreendente que prende o leitor e nos deixa sempre
querendo saber mais até a última página.
****ALERTA DE
SPOILER****
Essa resenha não ficaria completa se eu não fizesse um pequeno
comentário sobre o final do livro. Eu fiquei um pouco decepcionada não com o
desfecho, mas pelo autor não abordar a questão psicológica da situação (novamente)
que é bem mórbida, na verdade. Ficamos sabendo que as duas bebês morreram e que
a Lylie na verdade é basicamente uma ninguém, que não tem nem uma identidade
própria e usa como nome a combinação dos nomes de duas bebês mortas, sendo que
ela foi criada acreditando que era uma das duas. Imagina que incrível seria uma
visão mais psicológica desse thriller?
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Sobre o autor: Escritor francês de novelas detetivescas, analista politico e Professor de Geografia na University of Rouen
Sobre a edição:
Nota no Skoob:
Beijos!
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